AUSÊNCIA NO PRESENTE

De que adianta o luar? 
As flores, o sol e o mar?
De que adianta o cantar dos pássaros?

A música que fala de amor?
Se você não está!

De que adianta o presente e o futuro?
Se é no passado que eu gostaria de estar!
Onde te abraçaria mais, beijaria mais...
Declararia meus sentimentos com gestos e palavras.

Quisera eu voltar ao passado...
Sentiria mais uma vez seu calor, seu perfume,
O pulsar do seu coração.
E ficaria ali eternamente...
Na lembrança de quanto eu era feliz!

PARTIDA SEM ADEUS

Ficaram as preocupações,

As contas a vencer,

A alta do dólar,

A volta da inflação,

O último pacote de biscoito,

A poeira nos móveis...

Os olhos se fecharam,

Os sorrisos cessaram,

As mãos descansaram,

O coração se calou.

A morte chegou  ferindo ,

Arrancando choro doído,

Aflorando lembranças saudosas,

Exalando sua inconformada ausência.

Você partiu rompendo uma aliança de amor eterno.

Não deu tempo de viver tudo,

Abraçar netos, perder a beleza,

Ganhar rugas e sentir o cansaço dos anos.

Só nos restam  as lágrimas,

Escape de corações dilacerados!

Adeus, Márcia!

(homenagem - Márcia Regina Queiroz Padovani  21.01.63 - 11.09.15)

PORTAS FECHADAS

Ah! Como era bom o tempo da inocência...

O tempo da ingenuidade...

Eu me sentia Sua filha única!

Não haviam portas fechadas.

Meus passos eram ligeiros,

Meu coração  corajoso e

cheio de esperanças,

Desejoso de viver um grande amor.

Não havia silêncio,

o Senhor me ouvia e me respondia
de pronto!

O que eu não sabia...

é que o grande amor eu já conhecia!

Foi preciso dores, silêncio , gritos

Portas fechadas, costas dadas,

Para colocar  meus pés no chão,

E nas Tuas mãos a inteireza do meu ser.

Pai, Senhor, Provedor!

Minha riqueza e meu grande Amor,

Braço da minha remissão, 

Porta da minha salvação ,

Só a Ti entrego meu coração!